Diamante Mandarim - Saúde e cuidados

07-09-2012 12:25

A limpeza é a melhor arma para evitar que as nossas aves adoeçam. Com bons cuidados de alojamento e alimentação poucas vezes surgem problemas com as nossas aves, mas é importante que conheçamos o que as pode afectar.

 

 

Causas das doenças

Este será um aspecto controverso. Temos de saber distinguir entre doenças fisiológicas e patológicas. No caso das primeiras a causa responsável será uma questão ambiental como uma alimentação incorreta, mau alojamento, falta de limpeza enquanto as outras serão causadas por agentes patogénicos que, quer gostemos quer não, existem e fazem parte dos ciclos naturais.

Como parece lógico não podem ser combatidas do mesmo modo, pelo que depende do criador saber o que se passa e qual o remédio. Geralmente as doenças nas aves têm uma evolução de tal modo rápida que se torna complicado agir atempadamente. Muitas vezes não conseguimos sequer que a ave beba a medicação. Isso, juntamente com a falta de veterinários especializados em aves faz com que muitas das vezes se percam aves que poderiam ser salvas. Dito isto todos os que desejarem iniciar-se nesta atividade deverão ter em mente que a prevenção é o melhor meio de evitar as doenças. Com a experiência e troca de conhecimentos irão aprendendo como reconhecer algumas doenças comuns e como actuar, que remédios usar, etc... Mas sem dúvida que irão sempre sofrer algumas perdas.

Para o iniciado este será um grande problemas e é sem dúvida onde mais pessoas perdem o entusiasmo inicial e desistem. Temos de nos capacitar de que um criador com alguns anos de experiência já perdeu com certeza bastantes aves até conseguir chegar aquele ponto. Ninguém tem 100 ou 200 aves sem se calhar ter perdido outras 50 ao longo dos anos! A grande diferença está na "calibragem" do criador, no facto de este ser capaz se reconhecer muito cedo qualquer factor anormal nas suas aves e já ter os conhecimentos e meios para actuar rapidamente. Um principiante não compra um casal de canários ou outra qualquer ave, a gaiola, a comida e mais 5 ou 6 medicamentos, suplementos, gaiolas hospital, seringas e por ai fora... Essas coisas vão entrando no dia a dia conforme se vai avançando e vai havendo necessidade de as usar, até porque não são nada baratas. Um antibiótico ou um bom suplemento vitamínico facilmente custa umas largas dezenas de euros.

Com o tempo apercebemo-nos das pequenas coisas que denunciam uma ave em pior forma, cabeça encolhida, pouco activa, fezes diferentes, trocamos impressões com outros criadores e amigos, experimentamos este ou aquele tratamento, alguns funcionam e vamos andando assim até uma altura em que as coisas ficam mais ou menos controladas. Eu ando nisto apenas à vários anos e não tenho dúvidas em afirmar que sei muito mais do que sabia na altura, perdi algumas aves pelo caminho, mas agora já terei mais meios e conhecimentos que facilitam as coisas quando acontece algo fora do normal. Sobretudo é essencial chegarmos ao ponto em que podemos estabilizar o nosso efectivo, evitando entradas constantes de aves nas instalações.

Para mais, identificar as aves doentes é só o princípio do problema, depois de sabermos que a ave está doente falta saber com o quê e depois qual a medicação adequada. Nesta altura lembro-me de recorrer a algumas lojas e descrever os sintomas a pessoas que afinal sabiam tanto como eu e depois usar medicamentos para problemas respiratórios quando devia tratar enterites ou vice-versa. Todas as descrições que lemos nos livros identificam o nosso caso, pensamos que a pobre ave está atacada de tudo ao mesmo tempo, mas é assim mesmo, este é um dos pontos em que temos de aprender às nossas custas, mas depois de lá passarmos aprendemos o que fazer.

O único conselho que se pode dar a quem estiver mesmo intressado em começar nesta actividade é que tente conhecer outros criadores ou inscrever-se num clube o mais cedo possível pois assim poderá usar alguma da experiência dessas pessoas que prontamente o ajudarão. Isto e tentarmos adquirir aves da melhor qualidade possível pode poupar alguns contratempos.

É essencial que qualquer criador compreenda o funcionamento das doenças num efectivo. Não devem ser tratadas mas sim prevenidas de mdo consciente. Quando se fala em prevenção não deve ser interpretada como dar medicação para todos os problemas que poderiam surgir se eles não existem!! Uma prevenção consciente é baseada em análises regulares, nas alturas mais importantes e atempadamente que nos permitam intervir antes de surgirem problemas. Mesmo assim é muito provável que surjam sempre, pontualmente, situações de doença. Nesses casos importa agir rapidamente focando sempre o efectivo e não a ave individual. A boa saúde das restantes 99 aves é sempre prioridade face à ave doente.

 

 

Adaptação e Quarentena

A quarentena é um período durante o qual podemos observar as novas aquisições e procurar qualquer anormalidade ou sinal de doença. Muitas vezes caimos na tentação de dizer que está tudo bem e soltar a ave logo nos viveiros com a impaciência de a ver voar para dias depois ter de a retirar devido a uma qualquer doença. Adquirindo aves directamente a criadores este factor é menos importante, mas nunca o deveríamos esquecer pois não só é neste periodo que a ave se ambienta como também as outras aves se habituam a ela. Quando finalmente nos asseguramos que tudo está bem podemos introduzir a nova ave e observar o seu comportamento e os dos outros. Muitas vezes há dificuldades em encontrar a comida e a água portanto devemos espalhar algumas sementes no chão e colocar um prato com água porque é no solo que instintivamente as aves procuram a sua comida.

Por outro lado existe algo que contraria isto, em particular com as importações. Uma ave importada entra facilmente em stress quando é deixada numa gaiola, enquanto que, muitas vezes se estiver com outras aves num viveiro acalma-se muito mais depressa. Já me aconteceu adquirir aves que adoeçeram alguns dias depois e que estavam tristes sem responderem a tratamentos e que colocadas num viveiro com outras aves (eu sei que não se faz...) rapidamente voltaram a estar em boas condições e puderam então ser tratadas com mais calma. É um grande risco, sem dúvida, mas nem tudo o que é suposto funcionar funciona na prática e devemos pensar que as aves não lêem os mesmo manuais que os seus criadores...

É parte de qualquer bom sistema de maneio realizar uma quarentena adequada. Este procedimento será muito mais simples se estruturarmos as nossas épocas de criação. Isto evita que se introduza uma ave proque é bonita ou até de qualidade quando as outras estão em plena criação. As entradas devem ser programadas e realizadas época a época. Não quer dizer que só se comprem aves 2 semanas por ano, quer dizer que, no grupo de aves reprodutoras só entram aves devidamente preparadas e que passem pela quarentena. Quando iniciarmos a preparação de todo o grupo para a época seguinte estas já devem estar integradas.

 

 

Tratamentos

Vamos antes de mais esclarecer que existem dois grandes tipos de tratamentos: preventivos e curativos.

Com o primeiro tenta-se eliminar possíveis causas de doença. É costume por exemplo antes da época de criação tratar as aves com antobióticos para eliminar ou controlar agentes que afectam a postura e fertilidade como a salmonella e a E.coli. É um pouco aplicar a expressão "mais vale prevenir que remediar".

Alguns criadores usam programas mensais ou até mesmo semanais de tratamento, por vezes totalmente despropositados. Como é lógico toda a mediação deve ser usada com cuidado e quando necessário, em particular os antibióticos pois as resistências surgem mais facilmente do que se pensa. Não é preciso levar as coisas ao extremo, estabelecer um programa de medicação é bom, mas alguns que por vezes se recomendam são absolutamentes desnecessários. Não é benéfico para uma ave durante um mês receber todos os dias antibióticos e vitaminas, qualquer esquema profilático deve ser feito com racionalidade, quase sempre num sistema 3-2-3 ou 5-3-5-2, o que significa que são dados 3 dias de medicação, 2 de água limpa (ou probióticos) e novamente 3 de medicação devendo nos dias seguintes usar-se vitaminas do grupo B + probióticos.

Por outro lado acções curativas devem ser feitas com atenção e só sobre as aves doentes. Envolvem geralmente tratamentos que por vezes são duros e é portanto desnecessário sujeitar as aves saudáveis ao mesmo processo. Deve sim ser feito um tratamento preventivo às restantes. Os únicos tratamentos que eu faço a todo o efectivo são na preparação para reprodução e muda envolvendo antibioterapia e desparasitantes conforme resultados dos exames veterinários. A partir dai sigo um plano de maneio e suplementação e qualquer ave que esteja doente é imediatamente suspensa da reprodução até estar totalmente recuperada, mesmo que isso implique separar os casais e perder algumas crias, como em princípio todas as aves que temos em reprodução deverão ser de boa qualidade serão portanto, geneticamente importantes para o efectivo e perder uma pode por vezes atrasar meses a nossa selecção, mais do que perder crias que não temos a certeza do que serão.

Autor : Ricardo Pereira (https://avilandia.planetaclix.pt/Portugues/Cuidados.htm )