Diamante mandarim - algumas das doenças
Doenças |
Com uma alimentação correta e bom alojamento não é normal que as aves adoeçam, mesmo assim existem alguns problemas para os quais se deve estar sempre atento.
As doenças nas aves actuam de um modo geralmente muito rápido e com sintomas semelhantes pelo que devemos actuar logo aos primeiros de uma anormalidade.
Para quem está habituado a ver aves, facilmente percebe que algo não está bem mas nem sempre conseguimos perceber o que se passa. A ave fica parada no poleiro com as penas eriçadas e os olhos fechados, colocando a cabeça debaixo da asa. Noutros casos pode andar pelo chão a debicar constantemente. A primeira acção deverá ser observar as restantes aves, se outras apresentarem sintomas semelhantes pode haver algum problema, se fôr só uma isolamo-la para evitar contágios.
Um dos grandes remédios é o calor pelo que se deve ter uma gaiola hospital aquecida com fácil acesso a água e comida (no chão). Depois de lá colocarmos a ave com os respectivos tratamentos não a devemos perturbar constantemente porque o nervosismo que isso causa só iria prejudicar a sua recuperação. Se tudo correr bem e o diagnótico e tratamentos forem correctos dentro de uma semana a ave estará de novo activa e em bom estado.
Podemos também recorrer a exames clínicos de bacteriologia para determinar, geralmente antes da época de criação, se existem estes agentes nas fezes e actuar conforme a medicação que fôr recomendada.
Diarreias e enterites |
Este é um dos problemas mais comuns. Pode ser causado por vários motivos mas o mais frequente é a proliferação de bactérias devido a um desiquilíbrio nos intestinos. Por alguma razão as bactérias que povoam os intestinos das aves podem sofrer alterações nas suas proporções e algumas estirpes tornarem-se demasiado numerosas irritando as paredes intestinais. O mais comum será uma infecção por E. coli ou Salmonella sp. Estas estirpes existem geralmente no intestino e só se tornam patogénicas quando, por algum motivo, se desenvolvem anormalmente e aparecem noutras zonas do organismo.
Podemos prevenir isto evitando mudanças de dieta bruscas e dando periodicamente probióticos que promovem o crescimento das populações benéficas de bactérias.
Em casos extremos podemos actuar com um antibiótico de largo espectro seguido de um probiótico e vitaminas do complexo B, enquanto damos também um electrólito para evitar a desidratação, que é aliás o principal perigo das diarreias. Os antibióticos de largo espectro devem ser usados com moderação pois facilmente surgem resistências. É preferível dispor de alguns antibióticos de acção específica e aplicá-los assim que determinamos o agente responsável pelo problema. Mesmo assim uma medicação de largo espectro pode actuar como um primeiro travão e dar-nos algum tempo para agir com maior eficácia.
Salmonelose e colibacilose |
É causada pela bactéria Salmonella typhi murium, as fezes tornam-se verdes e dá-se uma infecção generalizada dos tecidos intestinais. Surge geralmente muito depressa e pode facilmente contagiar outras aves no viveiro. A Salmonella pode ser transportada pelos adultos e, tal como a colibacilose afectar a fertilidade resultando em ovos que não nascem. Geralmente faz-se um tratamento à base de estreptomicina e dimetoxina para "limpar" as aves antes da reprodução.
A colibacilose é outro agente que pode afectar a reproduçaõ, causando geralmente a morte das crias com alguns dias de idade. É causada por bactérias do tipo E. coli, relativamente comuns e que podem causar a morte mesmo em aves adultas como resultado de enterites. Em ambos os casos parece que dietas demasiado ricas e dificuldades de digestão podem ser um factor favorável ao surgimento destas situações.
Uma outra coisa que, quanto a mim, não tem qualquer utilidade são os chamados biscoitos que são adicionados às misturas de sementes. São ricos em glúcidos alguns dos quais não sãoo digeridos e passam pelo sistema digestivo fornecendo alimento às bactérias intestinais que se multiplicam anormalmente. Não gosto, mas existem em algumas das misturas que uso e como não posso fazer todas tenho de usar algumas destas. Repare-se que as gamas melhores não têm estes biscoitos e sim oligo-elementos essenciais.
Fungos |
O mais perigoso dos fungos são os Aspergillius, que podem matar as crias. Estes fungos afectam os tecidos pulmonares das crias que ainda não têm o sistema imunitário desenvolvido, pois os adultos são imunes. Produzem substâncias denominadas aflotoxinas que causam sérios danos. O grande problema é que é difícil indentificar estes agentes sem recurso a exames clínicos e por vezes pode suceder que de um momento para o outro acontece uma vaga de mortes entre as crias mais jovens aparentemente sem explicação.
Combate-se evitando que se forme bolores nos ninhos (comum com os psitacídeos) colocando alguma serradura por baixo do material do ninho. Os comedouros devem estar sempre numa zona seca e, se possível, longe dos bebedouros, o que também obrigas as aves a voar para comer e beber.
Outros fungos atacam as penas e orgãos respiratórios de adultos e são muito graves nos fringilídeos por exemplo.
Doença da faca |
Embora não se aponte ainda uma causa definitiva e se especulem vários factores desde avitaminoses, parasitoses, viroses e outras "oses" esta é uma doença relativamente comum. As aves afectadas perdem peso rapidamente e morrem dentro de dois dias embora procurem constantemente comida pela gaiola. Alguns criadores referem que as aves parecem responder a tratamentos com uma associação de colina e Coccidiostáticos (Baycox) em doses curativas com resultados satisfatórios. Em todo o caso este tratamento é MUITO duro e pode mesmo pôr em risco a saúde das aves pelo que não deve ser feito sem muita precaução.
Cada vez mais se aponta para este mal como causado por uma desequilíbrio que por sua vez permite um desenvolvimento de agentes infecciosos como a coccidiose. Nestas situações a ave parece que aumenta de tamanho porque abre muito a plumagem e anda constantemente pelo chão a debicar comendo até mais do que é normal embora continue a perder peso.
O comportamento típico das aves afectadas começa por ser uma perda de actividade sucessiva nas primeiras 12 horas, a seguir a isso começam a ficar encolhidas com as penas muito eriçadas parecendo uma bola de penas. Ao fim de 24 horas passam o tempo pelo chão a debicar constantemente sem no entanto conseguirem alimentar-se pois a absorção está de tal modo diminuida que os nutrientes não são usados. Nesta altura qualquer tratamento já é quase sempre inútil, a partir daqui a ave invariavelmente morre dentro de 12-24 horas.
Ovo preso (hipocalcémia) |
Esta é uma doença fisiológica que afecta as fêmeas. Todas as épocas existem criadores que se queixam de perder fêmeas com ovos presos ou atravessados. A causa disto é quase sempre reprodutores em má condição física aliada a uma falta de cálcio na fêmea devido a posturas demasiado intensas.
A hipocalcémia (falta de cálcio no sangue) surge facilmente quando a fêmea tem de ir buscar e mobilizar as reservas de cálcio nos ossos para a formação da casca do ovo. Quando mantidas em gaiolas as aves devem ter sempre disponível um bloco de minerais ou então concha de choco. Isto e luz solar directa são geralmente meio caminho andado para evitar perder fêmeas deste modo.
Mesmo assim quando notamos que uma fêmea em postura está em dificuldades, se aninha no ninho encolhida e está pouco activa podemos recorrer a um remédio muito eficaz que consiste numa solução de Cálcio líquido a 10% (que podemos adquirir na farmácia), 1 colher de café de açucar (ou glucose) duas gotas de AD3EC e uma gota de colina para 50ml de água (um bebedouro normal). Esta mistura aplicada no bico da fêmea e colocar esta num local aquecido durante algum tempo produz geralmente resultados imediatos, pois a mistura de Cálcio com a vitamina D3 e açúcar é rapidamente absorvida repondo os níveis normais no sangue e facilitando a contração muscular para que o ovo saia.
Quem tiver problemas em encontrar cálcio líquido pode usar cálcio em pó dissolvido na água, o que se arranja facilmente raspando uma concha de choco para dentro de um bebedouro. Quase sempre dá bons resultados e em casos menos graves se colocarmos a fêmea logo no ninho dentro de pouco minutos o ovo está posto e o assunto resolvido. É um bom método continuar a fornecer cálcio e AD3EC na água de bebida durante mais 2 a 3 dias. Nestas situações a fêmea pára de pôr geralmente por uns dois dias, o que não é de estranhar, devemos mesmo fazer com que esta pare de pôr separando o casal ou tirando os ninhos pois puxar mais pela fêmea enfraquecida não trará bons resultados.
Autor: Ricardo Pereira (https://avilandia.planetaclix.pt/Portugues/Doencas.htm )